Em meio a um cenário marcado pela irregularidade das chuvas e temperaturas excessivas, o Itaú BBA revisou suas projeções para a safra de soja em Mato Grosso, assim como para todo o Brasil, conforme revelado no relatório Radar Agro de dezembro, divulgado na quarta-feira (20).
No início do mês, as expectativas eram otimistas, indicando boas chuvas para o último mês do ano, especialmente na região central do país. No entanto, o documento aponta uma mudança nas condições climáticas para a segunda quinzena de dezembro, com a previsão de acumulados de chuva abaixo da média para o estado de Mato Grosso.
Diante desse panorama, o relatório do Itaú BBA prevê uma quebra histórica na safra do estado, com uma redução de aproximadamente 20% em relação ao potencial. Isso coloca a produção estadual em patamares abaixo das 40 milhões de toneladas, impactando diretamente na projeção nacional, que agora é de 153 milhões de toneladas.
Essa quebra de safra representa um marco na história do estado, superando registros anteriores que apontavam a maior queda em torno de 11%, datada da safra 1989/90, conforme dados históricos da Conab. O relatório ressalta que, se as previsões se confirmarem, este será o pior ano da soja no estado.
A oferta e demanda de soja também são afetadas, com a estimativa de produção total no balanço interno ficando em 153 milhões de toneladas. Isso resultaria em uma disponibilidade para exportação entre 95 e 96 milhões de toneladas, mantendo o equilíbrio próximo aos níveis observados na safra 2022/23. No entanto, as projeções agora descartam a possibilidade de uma safra recorde de soja para 2023/24.
O impacto dessa situação já se reflete nos mercados, com a valorização dos prêmios de exportação e dos basis no interior do Brasil. A quebra de safra no MT também está influenciando na velocidade das vendas de soja, que devem ocorrer de maneira mais cadenciada, principalmente devido ao atraso no plantio no Matopiba e à dependência das chuvas em janeiro para o sucesso da safra na região.
Impactos nacionais A revisão drástica nas projeções para a safra de soja em Mato Grosso, o principal produtor nacional, está causando impactos significativos em todo o cenário agrícola do Brasil. Com uma quebra histórica de aproximadamente 20% na produtividade das lavouras do estado, a projeção nacional de 153 milhões de toneladas representa uma revisão para baixo, descartando a expectativa de uma safra recorde para 2023/24.
Dada a significativa contribuição de Mato Grosso para a produção total do país, a oferta mais limitada pode criar um cenário mais ajustado no mercado global de soja, impactando não apenas produtores e exportadores, mas também influenciando os preços nacionais e internacionais.
A valorização dos prêmios de exportação e dos basis no Brasil reflete a complexidade da safra brasileira e as expectativas de oferta mais restrita, afetando não apenas a economia agrícola, mas também reverberando nos mercados internacionais.
Além disso, a velocidade mais cadenciada das vendas de soja no país, devido à quebra de safra em Mato Grosso e ao atraso no plantio no Matopiba, pode ter implicações na balança comercial, aumentando a dependência de importações de soja e alterando dinâmicas comerciais e logísticas.