Nesta segunda-feira (28), a redação do Muvuca do Popular, composta majoritariamente por mulheres, foi surpreendida com uma fatídica notícia. O fundador do site, José Marcondes Neto, popularmente conhecido como “Muvuca” protagonizou um ato de covardia ao cometer uma tentativa de feminicídio contra sua ex-namorada, Nádia Mendes Vilela, onde o comunicador disparou quatro tiros contra a farmacêutica e, em seguida, atirou contra si mesmo.
É com muita tristeza que esse Editorial é escrito, visto que, além de sermos mulheres jornalistas e compreendermos e vivenciarmos na pele os mais adversos tipos de violência, vemos um colega de profissão cometer um crime tão brutal.
Muvuca longe de ser perfeito, assim como qualquer ser humano, é composto de muitas falhas. Mas também é filho, irmão, tio e amigo. Marcondes sempre tratou suas funcionárias com muito respeito e fazia o que podia para fornecer um ambiente de trabalho seguro e tranquilo, fazendo dele, uma pessoa que possui todos os “critérios” que caracterizam uma boa pessoa. Apesar de toda sua gentileza e cordialidade com aqueles que o cercavam, seu ciúmes descomunal não o impediu de tentar contra a vida de sua ex-companheira. Pois, é assim que funciona a violência contra a mulher.
O feminicídio não está restrito às esferas doméstica e familiar e pode ocorrer em diferentes cenários e contextos sociais e políticos. Apesar de hoje em dia, já existir legislações que visam a prevenção, a proteção, ao controle e a punição para quem comete o crime de feminicídio, a violência contra a mulher ainda é um problema crônico e preocupante. As leis Maria da Penha e do Feminicídio geraram mudanças em favor da cidadania feminina, todavia ainda são necessários avanços para concretização das obrigações por elas propostas.
Nádia não foi a primeira a sofrer as consequências dessa sociedade machista e patriarcal, onde as mulheres são vistas apenas como uma propriedade adquirida por posse. Diariamente, inúmeras mulheres sofrem com companheiros abusivos, possessivos e/ou agressivos. Ao menor dos sinais de violência física ou psicológica, denuncie. Ligue 180, 181, 190 ou 197. A denúncia é a primeira medida para romper um ciclo de violência.
Nós, como mulheres, nos solidarizamos com Nádia, que está viva e lutando pela vida. Torcemos para que ela seja capaz de superar as dores físicas e emocionais deste crime. Desejamos melhoras à ela e forças para todos os familiares e amigos.
– Amanda Caroga
– Elisangela Pacheco
– Helena Corezomaé
– Jéssica Moreira
– Maria Eduarda Matos
– Tainara Torika Kiri
– Vitória Tumelero