Polícia de MG conclui que psicóloga achada em porta-malas se matou

A Polícia Civil de Minas Gerais concluiu que a psicóloga encontrada morta dentro do porta-malas de um carro em Pouso Alegre, a 399 km de Belo Horizonte, tirou a própria vida. Segundo Rodrigo Bartoli, delegado responsável pelas investigações, Marilda Matias Ferreira dos Santos, tentou simular um assassinato. O inquérito foi encerrado e arquivado pela Justiça.

“Ela montou um cenário e criou algumas fantasias para demonstrar que foi um crime, porque ela não tinha essa coragem de praticar o suicídio diante dos seus pacientes e da sociedade. E, por isso, tentou apontar para um homicídio. Porém, em nenhum momento, ela incriminou o marido”, descreve o representante da polícia sobre a conclusão do inquérito.

O caso aconteceu em agosto do ano passado. A polícia foi acionada na manhã de um domingo e, ao chegar no local, encontraram o corpo com os pés e as mãos amarrados dentro do porta-malas do veículo, na garagem da casa da família. Bartoli conta que já nas primeiras análises não foram encontrados ferimentos em Marilda.

“Já no primeiro momento, ficou evidente que não havia sinal de violência. Não havia sinais no corpo da vítima e nada foi levado da casa. Parecia um cenário e não uma cena da crime”, relata.

O marido da vítima que encontrou o corpo. Ele foi levado para a delegacia e, segundo a polícia, apresentou relatos, que foram comprovados pelos investigadores.

“Nesse primeiro contato, ele foi muito solícito, apresentou todas as informações, forneceu o celular e a senha”, diz.

Ainda de acordo com o delegado, Marilda estacionou de ré para conseguir entrar no carro sem ser vista, amarrou os pés e simulou envolver as mãos com a corda. A chave do carro também foi encontrada no porta-malas.

A perícia não localizou vestígios de lesão no corpo dela, nem picadas de agulha. Exames técnicos encontraram álcool e um medicamento com propriedades sedativas no sangue dela. O laudo apontou que a causa da morte foi asfixia.

Simulação de crime

No dia do desaparecimento, a psicóloga trocou mensagens com o marido por um aplicativo relatando que havia estacionado o carro de ré pela primeira vez e pegaria uma bicicleta emprestada para pedalar até uma cidade vizinha, mas não levaria o celular.

Na mesma data, Marilda conversou com um amigo e relatou ter sido perseguida por usuários de droga no momento em que foi ao pet shop.

A suspeita dos policiais é que a história tenha sido inventada para disfarçar o ato de suicídio e, ao mesmo tempo, afastar as suspeitas que poderiam recair sobre o companheiro.

Histórico depressivo

Marilda escrevia seus segredos em diários pessoais, que foram apreendidos e analisados pela Polícia Civil. Em uma das anotações, a psicóloga relata não estar bem e afirma ter decidido se divorciar do marido, com quem viveu por 17 anos. Ela já teria conversado sobre o assunto com ele, que teria recebido a notícia de forma amistosa.

Segundo o depoimento de uma amiga, Marilda ‘idolatrava o marido’ e não queria simplesmente abandoná-lo. Ela teria confidenciado que queria ter outra família e ser mãe.

Segundo a irmã de Marilda, Tatiane dos Santos, a psicóloga sofria de depressão desde os 19 anos. O diagnóstico foi comprovado por meio de diagnósticos médicos e fichas de internação incluídos no inquérito.

Autor: R 7

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