Um cardume de arraias foi avistado nesse domingo (19), no mar da praia de Casa Caiada, em Olinda, na Região Metropolitana do Recife (RMR). O registro foi feito do alto de um prédio, pela influenciadora digital e moradora da área, Nataline Melo, por volta das 15h.
“Quando olhamos pela varanda, vimos algo na água, ficamos sem entender. Coloquei o zoom e vimos que era arraia. Tinham uns quatro grupinhos”, afirmou Nataline, destacando que desceu do apartamento e foi até até a praia para verificar de perto.
“Tivemos a ideia de descer porque elas estavam muito na beira, quando chegamos lá, elas já tinham ido mais para dentro. Apareceram de novo e foram nadando até o lado de Bairro Novo e sumiram. Nesse dia, a água estava bem quentinha, maravilhosa, cheia de siri, de natureza”, lembrou a influenciadora.
Segundo o biólogo marinho Mário Barletta, especialista em ecologia e conservação de ecossistemas costeiros e estuarinos e professor do departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a agregação dos indivíduos de uma mesma espécie geralmente acontece no período de reprodução.
“Machos e fêmeas se reúnem para se reproduzir, mas pode ser também um cardume só de fêmeas grávidas se preparando para dar a luz aos seus filhotes. E depois de parirem, elas são fecundadas novamente”, informou o especialista.
Ainda de acordo com o professor Mário Barletta, a presença de cardumes de arraias em áreas próximas à costa não é considerada comum.
“Comum não é, mas devem ter muitos estuários por perto. Estamos entrando no início do período de reprodução, que ocorre durante o verão”, destacou Barletta, apontando que as arraias são peixes cartilaginosos, que possuem nadadeiras peitorais usadas para se locomover.
“Essas nadadeiras são comercializadas pelos pescadores artesanais”, afirmou o professor, informando que, na base da cauda da arraia existe um ferrão.
O ambientalista André Maia destacou que as arraias que aparecem no vídeo provavelmente são da espécie Rhinoptera brasiliensis, popularmente conhecida como arraia-ticonha ou ticonha. Ele reforça a necessidade de atenção especial da população e das autoridades ambientais.
“Embora a R. brasiliensis costume nadar e alimentar-se próximo ao fundo ou em águas rasas, o aparecimento próximo à costa habitada exige cautela. Diferente de algumas raias que ficam soterradas e podem ser pisadas por banhistas, esta espécie geralmente não possui um hábito de ‘esconder-se’ no sedimento tanto quanto outras”, afirmou André Maia.
O ambientalista aponta que os ferrões na cauda podem provocar perfurações dolorosas. “É fundamental que banhistas evitem pisar ou encostar no animal, não o acuem ou ataquem, e mantenham distância se virem”, alertou Maia.
Em caso de perfuração, André Maia orienta lavar bem a região com água limpa, imobilizar o membro atingido, aplicar compressa de água quente e buscar atendimento médico em caso de dor intensa, edema ou sinais de infecção.
“Em regiões costeiras como a de Olinda, a captura ou a pesca indiscriminada de raias, especialmente se forem espécies vulneráveis ou com ciclo de vida lento, pode agravar ameaças à população dessas espécies. Assim, pesca predatória ou uso de redes de arrasto em áreas rasas onde as arraias frequentem configura risco ambiental”, reforçou o ambientalista.