Um advogado britânico especializado no corredor da morte nos EUA revelou que ainda é “assombrado” pelas últimas palavras ditas a ele por um detento que ele considerava inocente, mas que foi executado em 1987 em câmara de gás, após ser considerado culpado pelo assassinato de um policial e agressão sexual a uma mulher no Mississippi (EUA).
Clive Stafford Smith contou depois da execução que uma mulher lhe confidenciara que estava com Edward Earl Johnson no momento do assassinato, mas suas alegações foram rejeitadas pela polícia durante as investigações. Para o advogado, a investigação “queria” condenar Edward, que tinha 27 anos, de qualquer jeito.
“Fiquei realmente surpreso e disse: ‘Bem, por que você não contou a ninguém?’ E ela disse: ‘Contei. Fui à polícia e eles me disseram para ir embora e cuidar da minha vida'”, recordou ele.
O caso atraiu grande atenção da mídia nos EUA.
“No período que antecedeu tudo isso, Edward estava assistindo à televisão enquanto a emissora entrevistava pessoas do Mississippi dizendo: ‘Ah, sim, ele merece morrer’, e uma ou duas pessoas dizendo: ‘Bem, talvez ele não mereça'”, declarou o advogado, em reportagem no “Daily Star”.
Os guardas da Penitenciária Estadual do Mississippi estavam todos convencidos de que ele era inocente e estavam realmente arrasados com o que aconteceu, contou Clive.
“Eu o levei até a cadeira, dei um abraço e ele sussurrou no meu ouvido: ‘Tem algo que você sabe que eu não sei?'”, emendou o advogado. As palavras, que mostram que Edward esperava ser salvo até o último minuto, ecoam até hoje na cabeça de Clive.
“Entrei na câmara de gás com Edward (nos preparativos). Ele morreu sufocado por um longo tempo, cerca de 15 minutos. Essa não é realmente a questão, a questão é que ele foi preso como um jovem negro no Mississippi quando tinha 18 anos e foi morto oito anos depois”, disse Clive, acreditando que a execução do condenado foi “acelerada”, enquanto outros chegam a esperar 30 ou 40 anos pela conclusão dos seus recursos.
“Ele realmente achou que ainda assim não o matariam. Então, eles o amarraram na cadeira. Fizeram com muita força para que não fosse possível ver o pobre sujeito se debatendo. As testemunhas estavam atrás da cadeira, então não conseguiam vê-lo. Então, não conseguiam ver o que ele estava passando”, explicou.
Agora, Clive abandonou os casos em corredor da morte e dirige uma organização sem fins lucrativos chamada Liga da Justiça, que trabalha com jovens e direitos humanos. Ele diz que não está nem um pouco surpreso com a série de relatos recentes de execuções malsucedidas, gerando “sofrimento desnecessário” aos executados.
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