O mergulhador chinês Poon Lim transformou uma tragédia da Segunda Guerra Mundial em uma das maiores histórias de sobrevivência já registradas. Após ver seu navio ser afundado por torpedos alemães no meio do Atlântico, ele passou incríveis 133 dias sozinho em uma jangada, enfrentando fome, sede e tubarões, até ser resgatado por pescadores brasileiros no Pará, mais de quatro meses depois.
Em novembro de 1942, Poon era comissário no navio mercante britânico SS Ben Lomond, quando a embarcação foi atacada a 750 milhas do Rio Amazonas. Dois torpedos foram suficientes para afundar o navio em menos de dois minutos. Todos os tripulantes morreram, mas Poon pensou rápido e conseguiu se jogar no mar de colete salva-vidas.
À deriva, ele encontrou uma jangada equipada com alguns mantimentos, água e uma lanterna. Os suprimentos, no entanto, logo acabaram.
Para se manter vivo, ele precisou improvisar: recolhia água da chuva em pedaços de lona, pescava usando anzóis feitos da mola da lanterna, secava peixes ao sol para não estragar e até caçava gaivotas, bebendo o sangue das aves para matar a sede.
Para continuar ativo e com boas condições físicas, Poon costumava nadar em volta do barco. Eventualmente, tubarões e outros grandes predadores começaram a rondar a frágil embarcação. Ele não teve dúvidas: caçou e comeu um tubarão.
Foram mais de quatro meses nessa rotina brutal, até que, quase sem forças e amarrado à jangada para não cair no mar, Poon foi localizado por três pescadores brasileiros no dia 5 de abril de 1943, perto de Belém (Pará). Sem falar português, conseguiu apenas mostrar que estava faminto.
Internado em hospital no Pará, ele se recuperou e foi enviado de volta à Inglaterra, onde recebeu homenagens do rei George VI. Anos depois, mudou-se para os Estados Unidos, onde morreu em 1991, aos 73 anos.
À época, o marinheiro chinês estabeleceu o recorde de resistência a bordo de uma jangada, segundo a Agência Brasil.