Golpe digital já tomou dinheiro de mais de 2 mil vítimas em Mato Grosso; delegado alerta

Crédito: Imagem Ilustrativa

Golpe que registra vítimas desde 2022 utiliza dados públicos de pessoas com processos em andamento para enviar mensagens falsas, mas com informações verdadeiras, segue tomando dinheiro de mato-grossenses. Na modalidade, os golpistas se passam pelos advogados contratados das vítimas a fim de conseguir pagamentos que seriam decorrentes nas ações movidas. Desde 2023, já foram registrados mais de 2 mil boletins de ocorrência de casos de fraude semelhantes e, essa semana, uma vítima teve sua conta invadida e perdeu cerca de R$ 7 mil, em Cuiabá.

Conhecido como o golpe do “falso advogado”, os criminosos criam perfis falsos dos profissionais ou escritórios contratados pela vítima em processos e enviam mensagens alegando que a causa foi ganha. Contudo, para receber a indenização, é necessária alguma outra ação, como pagamento ou o informe de um código.

Uma mulher, que preferiu não se identificar, foi vítima e encaminhou seu relato ao GD. Com um processo em trâmite desde 2023, ela recebeu mensagem de um perfil com informações idênticas as de sua advogada. O perfil afirmava que ela tinha ganhado a causa, mas que deveria falar com o juiz responsável para receber o valor de R$ 15 mil.

“Ela disse que era referente ao meu processo de 2023, falou todas as informações referentes ao meu processo, inclusive mandou o anexo dele no meu WhatsApp, informando que eu tinha ganhado a causa”, contou a mulher.

No momento em que recebeu a mensagem, ela estava trabalhando e os golpistas pediam agilidade a todo momento, pois se não fosse resolvido na hora, ela corria o risco de perder o suposto pagamento.

Ao entrar na chamada de vídeo, um homem que se passava por juiz confirmou seus dados e, em seguida, pediu para ela acessar a conta bancária e verificar se o recebimento tinha ocorrido. Como se tratava de um golpe, nenhum dinheiro foi creditado, momento em que foi enviado um código para ela. Ao passar o código, a vítima teve sua conta invadida e todo o dinheiro retirado.

“Uma hora eu desconfiei e questionei. Ele [o falso juíz] me falou ‘você está falando com o juiz, você está quase desacatando uma autoridade’, então pediu para eu falar com a advogada e confirmar, mas como ela também era falsa, me disse que eu poderia seguir com a transação sem problemas”, afirmou.

O Delegado Vinícius de Assis Nazário, da Delegacia Especializada de Estelionato de Cuiabá, explicou ao GD que, no caso do golpe aplicado à vítima no início da semana, a videochamada com uma pessoa caracterizada como autoridade serve para passar mais credibilidade para o alvo, o que contribui para maior chance de “sucesso” no golpe. Ele afirmou, ainda, que muitas vezes a chamada de vídeo é utilizada como forma de capturar a biometria facial da vítima.

“Em alguns casos a videochamada está sendo utilizada para a abertura de contas correntes digitais com a biometria facial e, em seguida, são feitos empréstimos em nome da vítima. Em outros casos, os golpistas pedem os dados bancários das vítimas, cópia de extrato bancário e depois enviam links, com isso conseguem acesso às contas das vítimas e fazem transferências de quantias em dinheiro”, afirmou Nazário.

As formas de golpe são cada vez mais aperfeiçoadas e alteradas. Já foram registrados casos da aplicação simultânea, por exemplo, do golpe do “falso advogado” com o da “falsa central”, quando os golpistas utilizam códigos para acessar o aplicativo bancário como o titular da conta.

Desde 2023 já foram registrados mais de 2 mil boletins de ocorrências com características semelhantes ao golpe denunciado. Esse tem sido uma das fraudes digitais mais recorrentes no estado. “Muitos desses casos apresentam elementos comuns: nomes de advogados verdadeiros, processos reais e utilização de contas bancárias de terceiros, os chamados ‘laranjas’ ou ‘conteiros”, explicou Nazário.

Como se prevenir?

O delegado orientou que é preciso desconfiar de qualquer contato repentino que envolva transações financeiras. Caso seu escritório ou advogado entre em contato com um número diferente, é importante que se confirme a identidade. Isso pode ser feito por outras formas confiáveis, como e-mail institucional, visita ao escritório ou até mesmo por ligação.

Códigos recebidos nunca devem ser compartilhados, mesmo que a pessoa pareça confiável. Casos em que é solicitada urgência ou pressa também é um sinal de golpe.

Se a atividade parecer suspeita e levantar dúvidas, procure seu advogado pessoalmente.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) fez alerta também que sabe dos golpes desde 2022 e que sugere, aos próprios advogados, que instruam seus clientes com relação à possibilidade. É importante que o advogado e cliente mantenham meios confiáveis de comunicação e que o cliente esteja informado em casos de alterações para evitar a situação.

Caí em um golpe, como proceder?

A primeira etapa é entrar em contato com seu banco e solicitar o bloqueio emergencial das transações, em seguida requerer a rastreabilidade do pix para identificar contas de destino.

“Algumas vítimas conseguem restituição judicial ou extrajudicial, especialmente quando o banco falhou em mecanismos de segurança”, explicou Nazário.

Além disso, é importante registrar um boletim de ocorrência para que investigações sejam iniciadas e criminosos sejam responsabilizados.

“A Polícia Civil tem feito operações para recuperar valores e prender integrantes das quadrilhas. Mas quanto mais cedo a vítima age, maiores as chances de sucesso”, finalizou o delegado.

Autor: Gazeta Digital

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