O empresário mato-grossense Nelson José Vigolo, do Grupo Bom Jesus, de Rondonópolis, foi denunciado pelo Ministério Público da Bahia por corrupção e lavagem de dinheiro em razão do pagamento de R$ 1 milhão em propina a um juiz do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia.
Conforme a denúncia, tramita na Justiça bahiana uma ação de disputa de terras na região oeste do estado, movida pelo grupo Bom Jesus Agropecuária, do empresário. Vigolo, então, desembolsou R$ 1 milhão para que o juiz Sérgio Humberto se declarasse suspeito nos processos do grupo, de forma que, assim, ele não assinaria novas decisões que fossem desfavoráveis ao empresário.
O pagamento da propina, segundo o MPE, foi feito em espécie e saiu diretamente da conta bancária do produtor Nelson Vigolo. Seu advogado Júlio César Cavalcanti Ferreira, que também foi denunciado, foi quem sacou o valor e depois o depositou, de forma fracionada, na conta de um “laranja”. Depois, o montante foi transferido para parentes e empresas de parentes do magistrado.
De acordo com as investigações, movidas na Operação Faroeste, o esquema ainda teve participação de uma desembargadora e o filho dela. O Ministério Público apresentou provas obtidas por interceptações telefônicas, ações controladas, escutas ambientais, relatórios de inteligência do Coaf, quebras de sigilos bancários e ainda delações premiadas dos advogados Júlio César e Vanderlei Chilante, e do próprio empresário Nelson Vigolo, firmada com o Ministério Público Federal.
Segundo informações locais, as delações teriam entregado outros juízes e esquemas de vendas de sentenças favorecendo disputas de terras na região do oeste da Bahia.
Além do empresário e do advogado Júlio César, também foram denunciados o juiz Sérgio Humberto, e o advogado Vanderlei Chilante pelos mesmos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção.